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Visto de lado, o Morro da Tartaruga parece um mocó.
Ali, a cidade — Palmas, Tocantins — não se permite avançar. Deixa que as árvores aproveitem o trânsito delas, paradas; e que atletas, entretidos e descuidados façam suas atividades ao curso da natureza. Há trilhas, estradões, quedas d´água; distâncias vestidas de chegadas e partidas: a subida do Lobo Guará; a Trilha das Pedras, da Vovozinha, o Tamanduá; lá, a Cachoeira Valadares; aqui, a Trilha da Represa e a da Meia-noite; bem acima, a Cachoeira da Janela, a do Lajeirinho, o Mirante dos Parapentes; à esquerda, o Morro do Cristo e o início da Área de Proteção Ambiental Serra do Lajeado; além de vários outros não mencionados, ainda não nominados, ou a serem descobertos.
Dos circuitos mais conhecidos é o do Morro da Tartaruga, com início no Clube de Tiro. Para chegar ao local, parte-se do posto do trevo, onde termina o asfalto. São dois quilômetros de estrada de terra, pontilhados, aqui e ali, por casas e chácaras dos dois lados.

(E5)
O joelho do caju
A língua do murici
O músculo do baru
As tripas do buriti
O bucho da gabiroba
A banha do jatobá
O miolo da gueroba
O rim do taperebá
O sebo do bacuri
A moela da cagaita
O mocotó do pequi
A sambiquira da jaca
A bexiga do licuri
Os pés da pixiriquinha
O fígado do cajuí
Os cascos da sapotinha
(Am) (D)
(E5)
De couro de ciriguela
À manga cheia de artéria
O homem não passa fome
Do cerrado tudo come

(Em)
Palmas preta de nuvens
Ferro de orvalho
Molho de raios
Palmas buracos de chuva
Cimento molhado
Frio ao contrário
(D/E E/F#)
Chove sobre as casas
Derretendo os telhados
Chove sobre a praça
Descobrindo o asfalto
Palmas o verão cinza
Granizo líquido
Pimenta e brisa
Palmas veloz neblina
Horizonte limpo
Ferrugem e alegria
Chove sobre o Araguaia
Atrapalhando os carros
Chove sobre o Prata
Enfumaçando os barracos
(B/A E/A)
Tempestade em brasa
Úmida paisagem
Sol que espera uma nova viagem
Palmas branca de raios
Calor congelado
Vento de maio
Palmas trovoada acima
Terra vermelha
Horizonte cinza
Chuva sobre a cidade
inflamando o lago
Serra em tempestade
O verde encontra o cerrado

Palmas, a santinha que todo mundo passou a mão.
Tratada como muamba naquela Praça dos Girassóis, onde qualquer espertalhão abre sua pochete e compra só com o que tem dentro.
A terra onde o aproveitador e o pistoleiro se casaram (o casal perfeito).
Loteamento espoliado que um assessor do governo ganhou em troca de favor, depois dado a um agiota por uma dívida desonrada, o qual passou ao atravessador que repassou ao despachante de projetos de leis unilaterais, que vendeu ao caloteiro das pormenores coisas, que pagou à interposta pessoa em juramento de uma vantagem futura, que sempre quer saber se é hoje que a boquinha vai sair. “— é hoje que a boquinha vai sair?”
Terra de chumbados do espírito, aguerridos às bolas do cofre popular, que rotineiramente acertam a loteria mesmo sem jogar. Calor demais.
Terra em que os secretários, os administradores, os corretores, os advogados, os superintendentes, os assessores especiais, os contadores, os facilitadores (facilitadores!), nadam-se entre si, apoiando-se uns contra os outros pra chegar primeiro à licitação enxertada no gabinete do vereador, pela qual lápises, clipses e atlases defasados serão entregues a um colégio pubo em troca de milhares de reais.
Cidade de calçadas vazadas à braquiária, de praças aborrecidas e desleixadas, onde a Organização Pelo Futuro (OPF) caça crianças e as leva para a sede do Fisco (são uns promissores riozinhos de dinheiro público que é preciso represar, não?). Dos favores sacados dentro da carteira virada em cédulas cheias de durex.
Do suntuoso Palácio do Governador onde o aleijado financeiro não chega, murado por pilhas de ilicitudes que o auditor não viu, o escrivão deixou passar, o técnico não teve ciência, o juiz abdicou, o delegado desculpou, o fiscal embolsou, o promotor inimputou, o perito não terminou, o procurador não quis mexer, que o policial ajudou.
Hospedaria onde prefeitos refestelam-se cada qual sobre seu próprio colchão de impostos, recostados tranquilos ao travesseiro como só quem escolhe as pessoas certas para vender graças consegue fazer.
Lugar dum povo escorado ao bar de beira d’água, cujo ânimo foi trancado no guarda-volumes do boteco e a chave caiu dentro afora pela fossa da alma.
Cidadão de Porcarianópolis Nenhuma do Tocantins; pessoa cujo patronímico está positivado no Código Penal; eleitor cabresteado ao carnê do lote financiado; habitante desde o futuro-nenhum de nome Taquaruçu ao não-tem-futuro chamado Taquaralto. Calor demais.
Um lugar cujos dividendos turísticos são embolsados por deputadinhos e dados à própria família como se fossem balinhas jogadas pra cima.
Terra que é desminhocadamente ácida ou artificialmente adoçada, onde as folhas são vermelhas, os frutos explodem e só dá leite de cacto.
Cidade que produz senão promessas de resultados, miragens de realizações, decréscimos de rendimentos, pensamentos de ação, rascunhos de intenções. Fértil em obras inacabadas e igrejas desesperançadas.
Onde o funcionário público serve a si mesmo e o empresário é encarregado do político que naquela cadeira escrita “patrão” está ali sentado.
Cidade que só venta e quando não só venta só queima e quando não só queima só chove. Clima que ninguém suporta, mas a saída é longe e a vida de quem chegou não tem mais volta.
Prédios que estão mais para espinhas amaduradas, lotes enlixados, passeios recendendo a pequi congelado, que entre a ânsia de uma rotatória à ânsia d’outra só há gastura, enfaro e debilidade. Ruas sem acolhimento, nomenclaturas mudas, quadras constrangidas, avenidas tonturantes, trânsito de gangrenas com acidentes a cada… nem esquina é esse diacho!, faixas de pedestres atropelados |l|a|d|o|a|l|a|d|o|. Calor insuportável.
Onde os músicos costuram pra fora, os escritores o que sabem é chupar geladinha e os atores é representar que se adoram. Uma cultura de porta em porta nas secretarias estaduais vendida e que mais parece uma confissão de dívida.
E o comércio, esses profissionais em vender vasilhas de mangas amoscadas, cujo todo mundo sempre está trabalhando contrariado, e tanto o dono quanto o funcionário têm cara de quem toca MPT ao violão com o dedinho da mão direita levantado.
Palmas, na manhã do teu nascer e já esse calor do diabo!

GRUPO I – HISTÓRIA
1. Infra-descobrimento: elementos atômicos pré-tocantinos; 1.1. Criacionismo e teoria do Goiás Bang; 2. Fluxograma, vetores e matrizes de inscrições rupestres; 2.1. A gramática ortogonal da Serra do Lajeado; 2.2. Processo de recombinação de pinturas indígenas fora do plexo policromial; 3. A luz maciça dos sítios arqueológicos; 3.1. O sagrado materializante e os espíritos rochosos; 4. Índios d’outros sistemas solares: Akroás, Jês e Etecêteras; 4.1. O princípio da relatividade geral Tupi; 5. Colonização: as Bandeiras – Encontros vocálicos e consonantais; 5.1. Bartolomeu Bueno da Silva Filho, o Anhanguera – Estudos sobre a existência do tempo; 5.2. Minas de ouro, pedras preciosas e desinências verbais; 5.3. Exploração de ouro no vento; 5.4. Povoamento e expansão de células-tronco no século XVII; 5.5. Navegação da tabela periódica – Rios To e Ar; 6. Temperatura da linha de Tordesilhas: conversão em kelvin, pequis e anos-luz; 7. Movimentos separatistas – Favas e Bolotas; 7.1. Província da Palma – O manifesto da pedra canga; 8. São João da Palma: saco vitelino paranãl; 9. Exploração de minérios: protocolos chambarísticos do quinto/captação; 9.1. Uso da bateia desoxirribonucleica; 9.2. Fase aurífera e a derivação parassintética; 9.3. A cidade de Arraias e o ouro cor-de-ferroada; 10. O sistema da comarca de São João das Duas Barras no número de Avogadro; 11. Cálculo trigonométrico da charqueada; 12. Povoado do Canela – Albume de capital; 13. As primeiras minerações de jalapas; 14. Desenvolvimento da agropecuária: domesticação de amores-perfeitos; 15. O Palacinho em Miracema do Norte – Relação com a onça-pintada de Schrödinger; 16. Igrejas de Nossa Senhora: das Mercês, do Rosário dos Pretos e do Valha-me Deus!; 17. História de Porto Real, quer dizer, Imperial, quer dizer, Espacial; 17.1. Becos analíticos e casarões sintéticos; 17.2. O Cabaçaco da rua Caetanato e seus contrários; 18. Emancipação do Estado do Tocantins – Caçulismo e cintadas; 18.1. Legislação pertinente – Decretos da carochinha, ADCT em HTML e Constituição Federal Kids; 18.2. Políticos no País das Maravilhas; 19. Fundação de Palmas – Arquitetura envolvitiva; 19.1. A primeira missa on-line; 19.2. A Pedra Fundamental Do-Que-Mesmo?; 19.3. Nascida velha – Energia de ativação das reações químicas; 20. Contemporaneidades governamensais; 20.1. Compartibilização de servidores públicos; 20.2. Funcionários alucinógenos: se pensa que estão; 20.3. Niilismo grupal em serviço; 20.4. Aspectos de fruição de dinheiro público; 20.5. Teorias de encarteiramento do alheio; 20.6. Promiscuidades executivas e cajuísticas; 20.7. Paliação de obras públicas; 20.8. Requintes de esfoliações legislativas; 20.9. Honestismos, dignismos, eficientismos.
GRUPO II – URBANÍSTICA
1. Praça dos Virassóis; 1.1. Raposas de algodão-doce azul; 1.2. Besouros e movimentos circulares em ladrilhos; 1.3. Diálogos estátuas/transeuntes; 2. Árvores nativas – Graus de estonteamento; 2.1. Espíritos científicos nos estomas; 2.2. Destinação dos frutos abstratos; 3. Árvores implantadas – Maneiras de satisfação do público; 3.1. Refluxo de insetos magnéticos; 3.2. Enxertos neurais de mudas; 4. Trilhas ventriculares; 5. Ornamentos hormonais; 6. Monumentos – Reflexos solares e sombreamentos ao pôr-do-sol; 6.1. Ângulos sonoros; 6.2. Estrutura dos materiais intransitivos; 6.3. Acabamentos indicativos e materiais subjuntivos; 7. Trânsito – Oscilação vertical das rotatórias; 7.1. Análise e projetos de sistemas de transgressão das rotatórias; 7.2. O álcool como fator de descirculabilidade; 7.3. Maleabilidade dos canteiros; 7.4. Semáforos holográficos; 7.5. Gerenciamento de acidentes de trânsito mononeurais; 7.6. Fluxo de canindés nos horários de pico; 7.7. Ultrapassibilidade anímica de semáforos; 7.8. Rodoviária e o itinerário intergaláctico entre estações; 7.9. Quadras sem saída, quadras esquecidas, quadras espiraladas; 7.10. Retas labirínticas; 8. Extrativismo asfáltico; 9. Piscicultura em lotes vagos; 10. Cartografia lunar aplicada às quadras residenciais; 11. Trajeto osciloscópico entre os centros distritais; 12. Planejamento estratégico de engarrafamentos edilícios; 13. Avenida JK – Retrovendição de estacionamento; 13.1. Trânsito auricular de pedestres; 13.2. JavaScript dos pontos de ônibus; 14. Avenida Theotônio Segurado – Canteiros celestes; 14.1. Estruturas das faixas de rolamento eletromagnéticas; 14.2. Prevenção de choques imobiliários; 15. Aplicação sobremarina da chuva; 16. O pluviômetro infindo; 17. Ponte da Amizade – Cátions-ânions: tus e vós; 18. Ferrovia Norte-Sul: reações de ustulação ferro$-madeira$; 19. Desvio de septo da BR-153; 20. Feiras capitais – Aplicativos de Ohm; 20.1. Feira do bosque – Decreto nº domingo: estrutura e formação de passeios; 20.2. Feira da 304 Sul – Sinestesia do epitélio olfativo: frutas granívoras, verduras cinéticas/potenciais; 20.3. Controle adnominal de estandes; 20.4. Chambaris chafarizes; 20.5. Conservas – Desafios e tendências (moda eletromotriz); 21. Casa Saçuapara – Exposições históricas e a composição de velocidades; 22. Álgebra aplicada ao Monumento Dezoito do Forte; 23. Técnicas biomoleculares avançadas de Aeroporto; 24. O museu histórico do Palacinho: pró-clises, me-sócli-ses e êncli-ses; 25. Memorial Coluna Prestes: comensalismo, parasitismo, predatismo; 26. Palácio Araguaia – Ligações políticas iônica e covalente: o Consegue-se e o Se-ajeita; 26.1. A coesão partidária sequencial stricto sensu.
GRUPO III – MEIO AMBIENTE
1. Cachoeiras de Taquaruçu – Vazão e volume de esquecimentos da cidade; 1.1. Densidade de afetação do contentamento; 1.2. Extensão holográfica das trilhas; 1.3. Possibilidades de inversão do fluxo da água; 1.4. Sabor das nascentes; 1.5. Erosão das pedras e arbustos defectivos; 1.6. Cachoeira do Roncador: a Instrução Normativa nº 0+#¨/199% – Do silêncio polissêmico; 1.7. Aldeídos/Cetonas/Sambaíbas; 1.8. Fazenda Encantada – Manejo de cachoeiras (criação, engorda, abate); 1.9. Evilson’s Waterfall – Onomatopeias vegetais e o estrangeirismo; 1.10. Mecanismos alevantatórios na Cachoeira Escorrega-Macaco; 1.11. Movimento retilíneo uniforme no Vale do Vai-Quem-Quer; 2. O método equiparativo de lençóis freáticos; 3. Mato ciliar – Ovulação e crescimento; 3.1. Equações relativas à movimentação pelo vento; 3.2. Retenção e filtração das gotículas de água; 3.3. Inversão de raízes; 4. Emprego do tempo verbal Pedra-do-Pedro-Paulo-Pretérito-Presente; 5. Serra do Carmo – Aclives, declives e simplesmente clives; 5.1. Capacidades de voos largos e aterrisagens compridas; 5.2. Força motriz das escarpas; 5.3. Sintomas de embelezamento dos cumes; 5.4. Sustentabilidade autonômica dos mirantes; 5.5. Noções básicas de aplicação de rastelo nas encostas; 5.6. Queimadas naturais da vegetação aérea; 5.7. Perfil antropológico dos pequizeiros e buritis; 5.8. Rochas em formas de cuestas e seu paladar geométrico; 6. Acepções de Limpão; 7. Morro do chapéu-mamão; 8. Amenidades climáticas artificiais; 9. Araras eletromecânicas – Migração ao espectro solar; 9.1. Grasnados polifônicos e cromáticos; 10. Calor – Capacidades intrínsecas à sobrevivência de calangos; 10.1. Isolamento térmico – Reflexão, refração e difração; 11. Praias – Equitação aquática; 11.1. Gestão de piers e quiosques; 11.2. O conceito de orla intravenosa; 11.3. Interpretação de algas; 11.4. Relações de inocorrência das marés; 11.5. Sistemas reformulatórios de pescados; 11.6. Políticas de contenção de piranhas voadoras; 11.7. Psicodinâmica da colocação de areia; 12. Ilha do Canela: pleonasmos ilhoso e lagooso; 13. Praia dos Buritis e os descentros urbanos; 14. Praia das Arnos: camadas de valência solar; 15. Praia do Prata: a quiosqueologia, desafios e tendências; 15.1. Regência nominal de choupanas; 15.2. Comidas típicas: oxidação e redução; 16. Graciosa: alimentação de flutuantes; 16.1. Entranhas saltitantes dos estacionamentos; 16.2. Taxa metabólica de barracas; 16.3. Nascer-do-sol amniótico; 16.4. Marina: atracadouro e microvilosidades; 17. Lago da Usina – Os quatro números quânticos: desribeirados, aquaflorestados, desalagados e indenizados; 18. Jalapão – Areias endoplasmáticas; 18.1. Aplicação da primeira lei da termodinâmica em fervedouros; 18.2. Modelo corpuscular das cachoeiras; 19. Ilha do Bananal: nanicos, pratos e maçãricos; 20. Parque Estadual do Cantão e os ecossistemas tributários; 21. Parque Estadual do Lajeado – De usinas hidrelétricas à aviãozinhos de papel; 22. Arquipélago do Toda-Hora-Tropeço: crase e vírgula.
GRUPO IV – CULTURA:
1. Artesanato de línguas mortas em capim dourado; 2. Propriedades místicas dos bonecos de Taquaruçu; 3. Ceramistas da Feira do Livro; 4. Operações sinestésicas em feiras culinárias; 5. Técnicas observacionais de trabalhos na Feira do Bosque; 5.1. A Feira do Bosque e o comércio de figuras de pensamentos; 6. Casa do Artesão: criação de anacolutos e anáforas biformes; 7. Quadrilhas juninas: colisões elásticas e inelásticas; 8. Espaço Cultural José Gomes Sobrinho: propriedades internucleares do agente da passiva; 9. Elementos organógenos do Parque Cesamar; 10. Canto coordenado das Artes sindéticas alternativas; 11. A jiquitaia côncava e a súcia convexa; 12. Bonecas ritxokô 2.0 – Na nuvem; 13. Folia do Carmo no Divino Monte; 14. Taguatinga – Cavalhadas e a terceira lei de Newton; 15. Romarias e folias estelares; 16. Congadas, roques e tendencies; 17. Artesanato de lã de babaçu e gritos de buriti.