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Inspirado em um poema citado no livro “A 25ª hora”, de Virgil Gheorghiu, atribuído a W. H. Auden:
“E agora oremos por aqueles que detêm alguma desgraçada parcela de autoridade, oremos por todos aqueles por cujo intermédio devemos sofrer a tirania impessoal do Estado, por todos que espionam e contraespionam, por todos que fornecem as autorizações e promulgam as proibições, oremos para que não venham a considerar a letra e o número como mais reais e vivos do que a carne e o sangue… E fazei, Senhor, fazei com que nós simples cidadãos dessa terra, não cheguemos a confundir o homem com a função que ele exerce. Fazei com que tenhamos sempre presente no espírito que foi efetivamente da nossa impaciência ou nossa preguiça, de nosso abuso ou nosso medo da liberdade, de nossas próprias injustiças, enfim, que nasceu este Estado que devemos padecer, pela absolvição e remissão de nossos pecados.”
O Estado existe — e deve existir — porque somos imperfeitos e incapazes de resolver todos os nossos problemas sozinhos. No entanto, seres imperfeitos não podem criar uma entidade perfeita. Por essa razão, ele também carrega seus defeitos e comete seus próprios males. É por isso que deve ser constantemente monitorado, orientado e, quando necessário, repreendido.
Dizem que, para conhecer verdadeiramente uma pessoa, deve-se dar a ela poder. Nesse processo, ao tempo em que se revela, passa a desejá-lo ainda mais. O mesmo acontece com o Estado. No caso do Brasil, este cresceu de forma desproporcional em tamanho, força e degeneração. Chegamos a um ponto em que sua contenção ou reconstrução já não são mais viáveis; resta apenas sua destruição e subsequente recriação. Por isso, não são mais possíveis remendos, consertos ou reformas, somente a absoluta anarquia e o seu desmantelamento completo. Após, inevitavelmente, o Estado renascerá da semente de nossa imperfeição. Contudo — esperamos —, virá mais fraco e domesticável, até o momento em que, crescido e agigantado, deverá ser novamente assassinado. -
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(G B D)
Nem sei mais o que é ser revoltado
Por onde passa o gado passa o revolucionário
Até o que não estava à venda já foi compradoOs mocinhos agora tocam no Sepultura
O governo manda na contracultura
A Galeria do Rock virou seção eleitoral
De tanto cuidar da saúde fiquei malO que eu devo fazer?
O que eu posso fazer?
Se eu preciso me vender no canalQuando eu quis discordar me enquadrei
Saí de casa lutar e apanhei
Ai minha arte não choca mais ninguémDigo que todo mundo está errado
Mas pra ser rebelde ganho até salário
Que bonito o exemplo do João Gordo
É preciso coragem pra concordar sempre com os outrosO que eu devo fazer?
O que eu posso fazer?
Se eu preciso me vender na tvO que eu devo fazer?
O que eu posso fazer?
Vou me oferecer pra vocêEssa vida anarquista só me prende mais
O lance é fugir de casa e ir morar com os meus pais
Mas por favor mamãe não me põe no balé
Não vou aguentar os calos nos meus pésRespeito aos políticos!
Respeito aos políticos!
Respeito aos políticos!
Respeito aos políticos!Música: Banda VHF Letra/Interpretação: Ricardo Carlin

