
Ah, que a minha grande alegria (e digo de todo esse mundo mesmo, por toda a compridez da vida) — desde o tempo em que já passei envolvido, tentando me desenlear dos perigos (nos dias que, acuado entre céus azuis e límpidos e chuvas abundantes e cinzas, mais um turno se enterrava e uma nova madrugada se abria) às horas de folga em que esquecia dos abismos e me desprendia (mesmo estando os olhos a sorver em seus poros uma cor nova e outros sabores na língua despontarem feito uma aurora; mesmo estando eu inteligível de todos os sentidos, com meu salário no bolso a comprar badulaques para o espírito) — a minha grande alegria — mas ainda digo: é por um infinito de jorro que não estanca, pela avenida que a vida asfalta e eu vou dirigindo, por campos onde cavalos desencilhados se alastram e vão das transparências que brilham às reticências da geometria, desde o solado líquido da floresta amazônica ao azul que farroupilha o céu do pampa — a minha grande alegria, eu estava dizendo, é contemplar um pé de manga!