
Acordo sem meus sentidos.
Todo dia nasce pra mim um novo sol proibido.
Uma manhã esperançosa bate à porta
E eu não atendo, embora ainda esteja vivo.
Os dias encheram minha carteira de nadas.
Os anos se passaram como um monte de gelo queimando.
A cidade toda goza e vibra à minha volta,
Mas sequer consigo encontrar as chaves de casa.
Quantos projetos e desejos já me povoaram…
Os sonhos me deram as costas
E eu nem vi quando me abandonaram.
Vou vivendo agarrado aos meus instintos.
Recebo a conta do asilo onde internei a minha alma.
As pessoas a quem machuquei estão partindo,
E os meus pedidos de desculpa já não valem nada.
Durmo à luz de um sono
Que não traz descanso nem conforto.
Um silêncio vívido acende meus olhos.
Ouço as batidas do meu coração morto.
