
Autor: Luciano Fleury
Arranjo/Interpretação: Ricardo Carlin

(E D)
Vamo separa meu bem
Vamo separa porque já deu
Eu vô pro seu canto
E cê vai pro meu
Vamo separa meu bem
Vamo separa que tô enfezado
Cê vem pra cá
E eu vô pro seu lado
Vamo separa meu bem
Vamo separa e sê feliz
Pra onde eu vô
Ocê que diz
Vamo separa meu bem
Vamo separa é de repente
Eu vô ni atrás
E cê vai na frente
Vamo separa meu bem
Vamo separa de vez
Não diga que sim
E nem que talvez
Separa meu bem
Separa o quê
Cê não larga minha mão
Eu não desgarro docê

(A D A D E)
Com a RD 135
Foi assim que começou tudo isso
Cheiro de óleo impregnado na roupa
Em alta rotação correndo à toda
Motor dois tempos, não tinha som mais bonito
A gasolina não era nem um real o litro
Na claridade da lua nas avenidas
A noite era uma passagem só de ida
A moto irada cruzava a cidade inteira
Até rua sem asfalto e ponte sem beira
Era toda preta, não tinha nem adesivo
Sem capacete e ninguém ligava pra isso
O pistão cantava, o carburador reclamava
RPM pro alto não se pensava em mais nada
Um walkman tocava rock nos ouvidos
E a gente ia jogar sinuca na casa dos amigos
Tarde da noite, saindo da faculdade
Agora só o que resta é a saudade
É por isso que do guidão eu não solto
Eu prefiro um milhão de vezes ir de moto
A RD 135
Pela qual tanta estima ainda sinto
Naquela época me deu tantas amizades
E me cultivou o gosto pela liberdade
Hoje eu percorro o Brasil inteiro
Em cada canto faço um amigo verdadeiro
O lugar que eu mais curto é a estrada
E o motoclube já virou a minha casa
É por isso que de carro eu não gosto
Eu prefiro um milhão de vezes ir de moto

(C G D A C G D)
O homem perdido em casa
A geladeira plantada na sala
Sobe a escada até o chão
Guarda a insônia dentro do colchão
O homem exibido de máscara
Parado em volta da praça
Aposta num esporte de azar
Faz esforço para descansar
O homem fugindo a trabalho
Morando dentro do seu carro
De castigo no ônibus escolar
Perde tempo para se encontrar
O homem na festa amarrado
Marcando as cartas do baralho
Vem dormir aqui dentro onde ninguém vê
Vende o ingresso usado pra você
Ser rico de coisas que não se pode comprar
Agir como já amasse é começar a amar
Querer sempre pensar o melhor de alguém
Sair em si e desejar o bem
O homem bem informado
Que não sabe o próprio aniversário
Transmite notícias suas ao jornal
É incrível quando tudo está normal
O homem que não tem cultura
Cinema escrito numa partitura
Cultiva flores em um sintetizador
Ensina sobre a vida ao professor

(Dm9 D9 A B)
(Dm9 D9 Am)
Eu te amo, disse a máquina automática de calcular
Consciência de inventar tudo aquilo programado
(C7+ G/B Am Em)
Em casa as pessoas mentalizam seus arquivos
Robôs se aproximam com seus dentes sorrindo
A televisão mostra lugares que não vamos
Os relés dançando, os motores à caminho
(A5 B5 F5 E5
A5 B5 C5 G5)
(Dm9 D9 Am)
Já está no mercado um coração com curto-circuito integrado
Inteligência tão natural quanto um simulador de acasos
(C7+ G/B Am Em)
Na mente um sistema de lógica ordena o que se deve pensar
Um computador brinca sozinho feito criança
O celular está vivo e o seu dono já está morto
Oxigênio artificial que não dá sono
(Dm9 D9 A B)
(C7+ G/B Am Em)
Alexa e Chrome se encontraram por acaso
Já que das redes sócio-neurais há tempo se desligaram
Então partiram pra um lugar longe e desabitado
— Com sorte não tem internet aqui, eles pensaram
(A5 B5 F5 E5
A5 B5 C5 G5)

(FM7/9 F#6) (FM7/9 BbM7/9)
A estrada está chamando há muitas horas
As traia já tão arrumada na boroca
Faz tempo que nós combinamo a pescaria
Demorou quase um ano mas até que enfim chegou o dia
Pontes e cancelas que cantam quando o carro passa
Partindo da cidade rumo à fazenda e à mata
Uma vaca cruzou a cerca e agora
Acompanha a gente até não mais dar conta
E o vô lembrou da época dos bailes
Do tempo que na roça tinha dança
Na chegada já começa a folia
Tem que arrumar logo as vara e as linha
O almoço vai sair em poucas horas
E se não pegar peixe vai ter que trata uma galinha
A água abraça o barco como se fossem dois amigos
Feito nossa parceria, de uma amizade antiga
Tudo é boa sorte e harmonia
Tem piau, tucunaré, mandi , corvina
Também o que não falta é cerveja
Já tão chamando Lagoa Bonita de Lagoa Beleza

(Em)
Palmas preta de nuvens
Ferro de orvalho
Molho de raios
Palmas buracos de chuva
Cimento molhado
Frio ao contrário
(D/E E/F#)
Chove sobre as casas
Derretendo os telhados
Chove sobre a praça
Descobrindo o asfalto
Palmas o verão cinza
Granizo líquido
Pimenta e brisa
Palmas veloz neblina
Horizonte limpo
Ferrugem e alegria
Chove sobre o Araguaia
Atrapalhando os carros
Chove sobre o Prata
Enfumaçando os barracos
(B/A E/A)
Tempestade em brasa
Úmida paisagem
Sol que espera uma nova viagem
Palmas branca de raios
Calor congelado
Vento de maio
Palmas trovoada acima
Terra vermelha
Horizonte cinza
Chuva sobre a cidade
inflamando o lago
Serra em tempestade
O verde encontra o cerrado

(G6 F#m B7)
É tarde enfim
Mais uma vez a noite acabou
Só assim vamos embora
Até agora nada mudou
(G Bm F#m B7)
Continuamos os mesmos bêbados fantasmas
Desequilibrados, voltando pra casa
Em grupo de três, quatro, com um ou dois carros
Tragando os últimos cigarros
É tarde enfim
Mais um sonho assassinado
À noite não se chora o sangue derramado
(C7+ Ab° A6/9 F#m)
(Bm D)
(Em A)
Ou resolvemos voar
Ou recolhemos as asas
Contentes com o nosso lar
Quietos em nossa casa
Daqui alguns minutos o dia irá nascer
As desordens do mundo já começaram a acordar
Mas você não quer nem saber
Você só quer dormir e apagar
Letra: Nilson Amaral Música/Interpretação: Ricardo Carlin

(G7M F#m G7M A)
Casa refletida no cerrado
Novo dia
Uma flor no mato
Horta molhada de céu
(G7M Dº A)
Claridade do mel
(C#7/9- Dº A)
A lida boa que compensa
O ofício da semente
O sal da terra que fermenta
O viver da gente
O tanto que se colhe
O bastante que se cria
Uma fé de aço
Caminho novo à mão
A bondade do chão
Contentamento ao sol que nasce
À brisa de um verde dia
Esperança que invade
A luz que nos guia
(C7/9-)
Dm Am Eb7+ Bb Dm E
Dm Am Eb7+ Bb Am Gm